terça-feira, 6 de julho de 2010

VACINADOS E VIGIADOS: Uma nova face do Porto Arthur da Saúde - ou, se acharem melhor - SAÚDE E PRATA PRETA NA REVOLTA DA VACINA.


O Tema

Medidas antipopulares, porém científicamente corretas, caracterizaram a reforma urbanística e a política de saúde aplicada no Rio de Janeiro nos primeiros anos do século XX. A reforma de Pereira Passos, bem como a campanha sanitária comandada por Oswaldo Cruz ocasionaram descontentamento geral, particularmente entre as camadas populares, cujo desdobramento foi a Revolta da Vacina.

Um grande foco revoltoso destacou-se nessa luta: o bairro da Saúde. Local estratégicamente perfeito para as trocas capitalistas, pois abrigava em seu litoral o que viria a ser o moderno Porto do Rio de Janeiro. Ali conviviam também os desabrigados de Pereira Passos que, sem opção de moradia, juntaram-se aos soldados egressos de Canudos, que se fixaram em precárias construções no Morro da Providência (conhecido na época como Morro da Favela). Prudente, Afonso Pena, ao assumir a presidência em 15 de novembro de 1906, autoriza quase que imediatamente a edificação de um quartel policial-militar (hoje 5º BPMERJ)no perímetro da região revoltosa (Harmonia). Na verdade, uma belíssima construção que nada ficou devendo ao projeto de embelezamento da Cidade. Esta era uma das medidas que permitia com maior tranqüilidade o êxito do projeto de reaparelhamento das ferrovias e dos portos em nível nacional.

Além dessa questão, acompanhando um surto de industrialização no Rio de Janeiro, já no final do século XIX, foram instalados na Saúde os seus dois maiores ramos fabris: a construção naval e a moagem de trigo e outros cereais. Era o início do sindicalismo no Brasil. No ano de 1906, ocorria o 1º Congresso de Operários Brasileiros. O conjunto de indústrias ligadas às atividades portuárias provocou na área a concentração de associações de classes, sindicatos e sociedades de ajuda mútua, embora engatinhando, já preocupavam, e na visão de William Outhwaite e Tom Bottomore,
" Era característico dos sindicalistas subordinarem a teoria à ação: celebravam a espontaneidade e, com freqüência, eram ostensivamente antiintelectuais".

Convivendo com esse movimento, proliferavam na região, os grupos carnavalescos, cujas lideranças, eram exercidas geralmente por um trabalhador oriundo de uma sociedade de classe. O mundo da ordem convivia bem com o da desordem. Embora subjugada, a região fervia.

(amanhã tem mais...)

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